Grito dos Excluídos em SP celebra democracia e cobra prisão de Bolsonaro

Milhares de pessoas se unem em protesto organizado pela CMP, com apoio da CUT São Paulo, clamando por justiça social, igualdade e o fim da privatização de empresas públicas

Elineudo Meira Chokito/CC

Escrito por: Vanessa Ramos - CUT São Paulo

Neste 7 de setembro, o estado de São Paulo viu uma série de manifestações ocorrendo em diversos municípios como São Bernardo do Campo, Mogi das Cruzes, Santos, São José do Rio Preto e Campinas. 

Tradicionalmente associado ao Dia da Independência do Brasil, a data celebra o Dia dos Excluídos e das Excluídas.

Na capital paulista, o tradicional ato organizado pela Central de Movimentos Populares (CMP), com apoio de entidades como a CUT São Paulo, se concentrou desde às 9h, na Praça Oswaldo Cruz, ponto inicial da Avenida Paulista. A manifestação seguiu pela Avenida Brigadeiro Luiz Antônio em direção ao Monumento às Bandeiras, ao lado do Parque do Ibirapuera.

Em 2023, a 29º edição do protesto chamou a atenção para as desigualdades sociais, econômicas e políticas que persistem no Brasil. A diversidade de temas e bandeiras nas ruas refletiu a complexidade das questões sociais que afetam a nação.

Na manifestação realizada na cidade de São Paulo, Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), enfatizou a importância do Grito, destacando a peculiaridade deste ano em que a mobilização ocorreu em um ambiente de normalidade democrática.

A deputada federal Juliana Cardoso comentou sobre as mudanças atuais no Brasil. “Com a união de todos e todas estamos reconstruindo o país, livre de preconceitos, de intolerâncias e de ódio. Um Brasil para trabalhadores e trabalhadoras, com igualdade de direitos das mulheres e com o respeito e dignidade secular dos povos indígenas”, disse.

Assim como Juliana, Bonfim ressaltou que, nos últimos anos, as manifestações populares enfrentaram ameaças e intimidações do governo anterior. Porém, neste ano, foi possível levar adiante a pauta de reivindicações dos movimentos populares de maneira tranquila. 

A mobilização abraçou diversas demandas, desde a luta por democracia até questões essenciais como moradia, saúde, educação, emprego e um salário digno. “Além de celebrar o retorno da democracia e do governo Lula, as manifestações também tiveram um caráter de denúncia contra o fascismo e a extrema direita”, afirmou.

O coordenador da CMP também destacou a luta pela redução das taxas de juros e a importância da taxação das grandes fortunas. Bonfim ressaltou que a mobilização deste 7 de setembro incluiu o clamor pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, devido aos crimes cometidos durante a pandemia, além das acusações de corrupção reveladas tanto pela CPI quanto pelas investigações da Polícia Federal.

Plebiscito e lutas populares

O secretário de Mobilização da CUT-SP, Osvaldo Bezerra, o Pipoka, falou sobre o Plebiscito contra a Privatização da Sabesp, do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), lançado nesta semana por movimentos populares e entidades sindicais.

Segundo ele, o plebiscito é uma oportunidade de ouvir a população sobre o desmonte proposto pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicamos), que ameaça precarizar o transporte público e o saneamento básico. 

“Lutamos contra as privatizações e estamos comprometidos na coleta de assinaturas em defesa das empresas públicas de SP. Precisamos enfrentar essa ameaça juntos! Queremos independência, saúde, educação e água de qualidade a preços justos. Outros lugares tentaram privatizar serviços públicos, viram os preços subirem e voltaram na decisão. Não podemos permitir que isso aconteça aqui. Vamos protestar firmemente contra o governo de Tarcísio de Freitas e Ricardo Nunes contra políticas contrárias ao povo”, pontuou. 

Elineudo Meira Chokito/CCElineudo Meira Chokito/CC

Já o deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) compartilhou sua jornada inspiradora durante o protesto na capital. Notório defensor da luta contra o racismo e a exclusão social, ele falou sobre seu papel na sociedade. “Como alguém que veio dos barracos de madeira e das ruas de terra, hoje tenho a obrigação de falar pelas vidas que se foram”, declarou.

Suas palavras ecoaram durante o protesto, destacando a importância de representar os excluídos. Freitas lembrou a luta por dignidade e a necessidade de justiça para todos e todas.

Edson Bertoldo, secretário de Políticas Sociais da CUT-SP, reafirmou o compromisso em combater a exclusão social e promover a inclusão das pessoas marginalizadas.

Em seu discurso, Bertoldo questionou: “Temos fome de quê, temos sede de quê?”, em referência ao lema do Grito neste ano. E enfatizou que a CUT busca a inclusão social das pessoas com deficiência e daqueles que sofrem preconceitos ou se sentem invisíveis na sociedade.

Além disso, o dirigente destacou também a importância da luta da população LGBTQIA+ e a bandeira contra a privatização, expressando preocupações sobre a entrega do estado de São Paulo para a iniciativa privada. Segundo Bertoldo, a CUT São Paulo seguirá marchando ao lado dos trabalhadores e trabalhadoras do estado de São Paulo e do Brasil, reforçando seu compromisso com a justiça social e a democracia.

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