Macrossetor industrial da CUT propõe a criação de uma nova confederação

Diferentes estados do Brasil discutem a proposta

Adonis Guerra/SMABC

Escrito por: Vanessa Ramos e Érica Aragão | Editado por: CUT-SP e Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região

Entidades sindicais de seis ramos de trabalhadores da indústria no Brasil discutem a possibilidade de criação de uma confederação cutista que reúna todas essas representações em uma só entidade.

Conferências sobre o tema estão sendo realizadas em diferentes partes do Brasil. Já ocorreram nos estados do Maranhão, Rio Grande do Sul e São Paulo. As próximas ocorrerão nesta quinta-feira (31), em Santa Catarina, e no dia 15 de setembro, no Paraná.

Estados como Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e Ceará estão em discussão para a realização de novas conferências.

Proposta em discussão

A mais recente conferência foi na cidade de Praia Grande (SP), no dia 25 de agosto.

Químico e secretário-geral da CUT Brasil, Aparecido Donizeti da Silva, faz um balanço do encontro que reuniu cerca de 120 pessoas.

“Esse é o momento de propormos para a CUT um novo modelo de organização. Precisamos conhecer as especificidades e construir uma entidade forte e com representatividade na América Latina. Nesse sentido, estamos caminhando para a criação de uma confederação da indústria, proposta aprovada durante a nossa conferência no litoral paulista.”

Para o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Loricardo de Oliveira, a política industrial brasileira precisa ser pensada a partir das discussões envolvendo os estados. “Temos que incluir todo mundo, estruturar uma política pensada de Norte a Sul do país. Pensar local e nacionalmente. Os trabalhadores desde as bases precisam estar inclusos nesse processo”, defendeu.

Presidente da Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (Contac-CUT), Nelson Morelli, falou sobre a urgência em se debater a industrialização e o tipo de desenvolvimento econômico que o movimento sindical espera construir. “Vivemos inúmeros massacres em relação aos direitos trabalhistas, mas agora caminhamos com maior esperança na construção de um debate nacional de fortalecimento das entidades que representam os trabalhadores da indústria”.

A indústria brasileira estrutura a vida em sociedade, destacou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário (CNTRV), Cida Trajano.

“Roupas e calçados são feitos pelas mãos de homens e mulheres nas fábricas. Nosso ramo precisa ser fortalecido e ter empregos decentes. Fortalecer a indústria significa termos um Brasil mais desenvolvido e com qualidade de vida.”

Assim também defendeu o presidente do Sindicato dos Energéticos do Estado de São Paulo (Sinergia), Carlos Roberto Alves, ao lembrar da importância do setor em que atua.

“Temos a oportunidade de discutirmos a questão da energia, a fomentação e o desenvolvimento, a partir da indústria, falarmos da geração de empregos e de tecnologia. É fundamental os trabalhadores aproveitarem essa possibilidade de diálogo, com um governo que permite isso. O macrossetor não vem para tomar os espaços das confederações e entidades que já foram construídas, mas para fortalecer a indústria brasileira”, pontuou.

Industrialização em SP

O deputado estadual por SP, Teonilio Barba, falou sobre as transformações em relação à indústria no país e destacou o papel de São Paulo.

“Éramos o 25º país em complexidade na indústria no mundo. Caímos para o 50º lugar. O mundo foi se industrializando, agregando valor ao seu produto, enquanto o Brasil foi caindo”, detalhou.

Mesmo com dados negativos em âmbito nacional, o parlamentar destacou a relevância de SP para o país. “A indústria paulista é responsável pela arrecadação de 32,8% de todo ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do Brasil. É uma indústria forte e significativa.”

Para o secretário de Administração e Finanças da CUT-SP, Douglas Izzo, o fortalecimento da indústria no estado de São Paulo deve ser uma política central do governo estadual.

“Desde o golpe contra a presidenta Dilma, foi interrompido o processo de crescimento e soberania que o país vinha construindo. Hoje estamos num momento de reconstrução a nível federal, mas com um governo paulista neoliberal, que é contrário e aposta contra a nossa visão de país. Jamais deixamos de acreditar na luta e temos esperança de fortalecermos em São Paulo uma indústria forte e com empregos dignos”, afirmou.

Ao final das discussões, Barba estendeu um convite a todas as entidades sindicais de São Paulo para a participação no Seminário de Política Industrial, que ocorrerá no dia 21 de setembro, das 9h às 13h, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), no auditório Franco Montoro, para aprofundar o tema.

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