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Sinergia Campinas rumo aos 90 anos

Sindicato, que completa 89 anos nesta quinta-feirta (10), foi alvo da ditadura e hoje é vanguarda sindical, consolidando-se como uma das instituições fundamentais para o setor elétrico brasileiro

Arte: Leandro Dantas

Nice Bulhões, com informações de arquivo

Nesta quinta-feira, 10 de agosto, o Sinergia Campinas completa 89 anos de história. Tudo começou em 1934, com a criação do Sindicato dos Operários em Fiação, Luz e Força, como uma entidade municipal. Ao longo desses anos, recebeu as nomenclaturas de Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Energia Hidroelétrica de Campinas (26 de fevereiro de 1944, então com base regional) e Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica de Campinas/Stieec (21 de julho de 1981, com base ampliada). Em junho de 2017, passou a se chamar Sinergia Campinas (Sindicato dos Eletricitários de Campinas).

Rumo aos 90 anos

Nesses 89 anos de história, os eletricitários e as eletricitárias tiveram conquistas marcantes, como auxílio-creche, vales refeição e alimentação, PLR, licença-maternidade de 180 dias, licença-paternidade ampliada de 20 dias, igualdade de gênero e de direitos para casais homoafetivos, instrumento de combate ao assédio moral, entre muitas outras. Para o presidente Claudinei Donizeti Ceccato, a entidade chega fortalecida para enfrentar os próximos desafios. “São muitos e de extrema importância”, afirmou.

Presidente do Sinergia Campinas,Claudinei Donizeti Ceccato, afirma que há muitos desafios a serem vencidos. Foto: Pedro Amatuzzi

Ceccato lembrou que o Sindicato sempre teve um espírito combativo. A diretoria identificada com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), em 9 de fevereiro de 1963, ficou no comando até ser cassada, em abril de 1964. “Foi nomeado um interventor para a entidade por conta do golpe militar no Brasil, que matou, torturou e prendeu lideranças e militantes de oposição, inclusive sindicalistas. Quiseram calar o Stieec, atual Sinergia Campinas, mas não conseguiram! A prova é que continuamos atuando em prol da democracia e pela manutenção e ampliação de direitos da classe trabalhadora.”

Combativo sempre e com unificação de forças!                                     

A retomada do Sindicato se deu em 1987, quando a chapa da CUT, de oposição aos pelegos de cartório, retomou a entidade e resgatou o papel do Sindicato como o legítimo representante dos eletricitários e eletricitárias do interior de São Paulo. A partir desse período, seu projeto sindical foi romper com a estrutura da época, buscando a unidade dos trabalhadores. Por isso, junto com os/as gasistas, os eletricitários e eletricitárias fundaram o Sinergia CUT.

O objetivo da criação do Sinergia CUT, projeto composto hoje por oito sindicatos, foi para enfrentar os desafios da globalização, da privatização das empresas do setor elétrico, da reestruturação das companhias energéticas, e das mudanças na matriz energética. Ela ainda buscou resgatar a unidade e a mobilização dos trabalhadores diante das dificuldades enfrentadas nas campanhas salariais, decorrentes da enorme pulverização de sindicatos existentes na base dos energéticos.

O resultado de unidade na luta foi a histórica greve de 10 de maio de 1989, que durou mais de uma semana e paralisou as principais usinas paulistas, apesar das punições injustas e das demissões ilegais, pouco depois anuladas pela Justiça. “Essa união reitera a importância do fortalecimento do Projeto do Sinergia CUT na unidade da categoria energética, eletricitários e gasistas, permitindo avanços na organização do trabalho com mais empregos, direitos e renda”, explicou Ceccato.

Vanguarda sindical

Além de servir de farol para o movimento sindical em termos de unidade de luta pela organização por ramo com a criação do Sinergia CUT, o Sinergia Campinas foi o primeiro sindicato do Brasil a impedir o desconto compulsório do Imposto Sindical e investir na autossustentação financeira. Por cerca de 30 anos o Sindicato impede o desconto do imposto ou devolve os 60% da parte que lhe cabe a todos os sindicalizados da entidade.

Vale destacar ainda a intensa negociação para conquistar Acordos Coletivos justos, sempre voltados para garantir renda e empregos, ao impedir demissões em massa. Direitos que são conquistas da luta diária e da capacidade de negociação com o respaldo da mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras na base.

Pandemia

Com a explosão da pandemia do coronavírus, no início de 2020, a luta do Sindicato passou a ser também diretamente pela vida dos trabalhadores. Houve mudança na forma de trabalho devido ao isolamento social. Com isso, a luta sindical possibilitou que grande parte da categoria atuasse em teletrabalho ou regime de rodízio. Acordos específicos de teletrabalho foram negociados. Além disso, o Sinergia Campinas lutou pela suspensão das demissões e de metas impostas aos trabalhadores nesse período. Houve também investimento em tecnologia para promover as assembleias deliberativas por meio on-line, através do site da entidade. Outra frente de trabalho foram as ações cidadãs e solidárias.