10 de maio de 2023: 34 anos da grande greve histórica dos eletricitários

Exemplo de combatividade, união, garra, consciência e democracia na luta por direitos. Após 34 anos dessa greve histórica e de retrocessos impostos por um desgoverno, a classe trabalhadora voltou a ser ouvida e respeitada por um governo democrático. A luta agora é pela reconstrução do país. A esperança voltou!

Montagem/Arquivo do Sinergia CUT e Bira Dantas

Redação do Sinergia CUT, com informações do Arquivo Histórico do Sindicato

Completa-se nesta quarta-feira, 10 de maio, 34 anos da maior greve da história dos eletricitários de São Paulo. Exemplo de união, consciência e democracia na luta por direitos. Passados mais de três décadas, os trabalhadores provaram novamente dessa unidade, enfrentaram os retrocessos sociais e trabalhistas impostos pelo golpe de 2016 e pelos desgovernos que lhe sucederam e elegeram o presidente com laço forte com a classe trabalhadora. Agora, a maior luta é pela reconstrução do país e pela reconquista dos direitos retirados. Agora, há esperança de novo!

O que foi o 10 de maio de 1989?

Em 1989, o presidente era José Sarney. Na época, Brasil registrava índices de inflação de três dígitos (933,62% durante o ano de 1988) e batia recordes de demissões. O Plano Verão anunciado na época só trouxe mais prejuízos aos trabalhadores, que foram às ruas e pararam fábricas contra as medidas do governo federal.

No estado de SP, o governo Quércia adotou uma postura intransigente e não atendeu as solicitações dos trabalhadores das então estatais Cesp e CPFL. A data-base dos eletricitários era em janeiro. Depois de mais de dois meses buscando negociação, os trabalhadores decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir do dia 10 de maio.

Era também uma quarta-feira. Centenas de trabalhadores, principalmente das grandes usinas da Cesp – Água Vermelha, Jupiá e Ilha Solteira – cruzaram os braços para defender os salários, que perdiam 74,64% do poder de compra.

Pouco tempo depois, a paralisação contou com o reforço de todos os trabalhadores da Cesp no interior e de grande parte do pessoal da CPFL. Os eletricitários assumiram então o Comando de Greve, que manteve sob controle os serviços essenciais para não prejudicar a população.

A repressão e as armações do governo para tentar desmoralizar a greve não intimidaram os trabalhadores. Aconteceu então uma manobra nunca antes vista: o ex-ministro do Trabalho e então presidente da Cesp, Murilo Macedo, conseguiu abrir o TRT no sábado (13) para que a greve pacífica e ordeira fosse julgada ilegal.

Apesar da força da paralisação, os trabalhadores suspenderam a greve para abrir negociações que trouxeram várias conquistas econômicas e sindicais, que depois se transformaram em direitos. Vieram também as demissões injustas e ilegais de dez companheiros, que mais tarde foram reintegrados.

E aquele 10 de maio de 1989 se transformou em um dia histórico na luta por direitos.

Passados 34 anos…

… em maio de 2023, com muita luta e depois de tantos ataques às conquistas da classe trabalhadora e à democracia brasileira, é possível respirar com esperança e buscar a reconstrução do país através da reconquista de direitos trabalhistas, do fortalecimento do papel do sindicato na representação e nas negociações com as empresas e na definição do plano de lutas e das estratégias para o período que está por vir.

Mudanças já começaram. Políticas públicas e sociais foram retomadas. O reajuste do Salário Mínimo impactou 54 milhões de pessoas. “Num cenário em que o Brasil está em plena transformação, a participação do movimento sindical é fundamental. Foi no passado e assim é no presente! A luta agora é por aumento de salários e direitos!”, conclui a direção do Sinergia CUT.

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Fotos: Arquivo Sinergia CUT