Sérgio Nobre: temos de garantir ônibus gratuito para desempregado buscar trabalho

Presidente da CUT defende Programa Vale-Transporte Social para trazer 20 milhões de pessoas de volta ao sistema de transporte coletivo, com produção de veículos elétricos e em solo brasileiro para gerar emprego

Igor Andrade Cotrim/PMD

Escrito por: Vanilda Oliveira

A crise histórica instalada no país pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) obrigou 20 milhões de brasileiros a deixar de usar ônibus para ir e voltar ao trabalho (e procurar emprego) e andar a pé, porque não têm dinheiro para pagar passagens. Ou come ou paga transporte coletivo. Contra essa realidade, a Prefeitura de Diadema (SP) lançou nesta segunda-feira (19) o “Programa Vale-Transporte Social” com gratuidade de tarifa para desempregados.

O programa é resultado da iniciativa da CUT, Fórum das Centrais Sindicais e Movimento dos Sem Terra (MST), traduzida no Calendário de Lutas 2022 para o Estado de São Paulo, lançado em março deste ano.

À época, a proposta do Vale-Transporte Social inserida no calendário foi apresentada pelo presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, a 500 representantes de prefeituras de todo estado.

Pioneira, a Prefeitura de Mauá, governada pelo petista Marcelo Oliveira, adotou o programa, no início de abril passado, e beneficia 3 mil desempregados com gratuidade de tarifa de ônibus. Em Diadema, a meta são 2 mil pessoas, segundo o prefeito José de Filippi (PT).

“Queremos levar e espalhar esse importante programa para prefeituras de todo o país, nosso objetivo”, afirma o presidente nacional da CUT, “é garantir transporte gratuito para que trabalhadores e trabalhadoras desempregados possam buscar emprego e não tenham de escolher entre pagar a passagem de ônibus e comer”. “O movimento sindical tem a tarefa de apoiar a mobilidade e reinserção da classe trabalhadora desempregada no mercado de trabalho neste momento de crise profunda”, disse Sérgio Nobre.

Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 46% dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros, ou seja, quase cinco de cada dez pessoas, se locomovem a pé para ir e voltar ao trabalho por falta de dinheiro para pagar passagens.  É uma tragédia social, como afirma o dirigente cutista.

“O Vale-Transporte Social é um programa completo, que tem um papel social muito importante e forte, porque trará milhões de pessoas de volta ao sistema de transporte coletivo, isso obrigará as empresas a comprar veículos e as fábricas a produzir mais ônibus, o que irá gerar empregos de qualidade”, explica ou presidente nacional da CUT, que defende que esses novos ônibus sejam elétricos, portanto, menos poluentes, e produzidos por empresas nacionais.  

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Sérgio Nobre participou do ato em Diadema e em sua fala destacou a gravidade da crise social brasileira. “A gente olha os mais de 680 mil mortos na pandemia, vê que milhares dessas mortes poderiam ter sido evitadas, não fosse esse o desastroso governo federal, e que a maioria das vítimas é da classe trabalhadora, gente que nós representamos, porque, hoje, um terço do nosso povo ou está de desempregado ou no desemprego, é fome e miséria, no Brasil inteiro, famílias inteiras morando nas ruas, em todo o país.

“Em meio à tragédia econômica e social que o Brasil enfrenta, não se olha para a situação dos trabalhadores andando a pé, por isso, a gente tem levado aos prefeitos e prefeitas o quanto esse tema é fundamental”, afirma o presidente nacional da CUT.

Segundo Sérgio Nobre, “esse tema é fundamental e urgente que adotem o Programa do Vale-Transporte Social, de gratuidade de tarifa, para garantir que esses 20 milhões de trabalhadores e trabalhadoras que estão andando a pé possam voltar a usar ônibus”.

Em agosto deste ano, o governo federal, em mais uma medida provisória descaradamente eleitoreira e que dribla o teto de gastos, liberou R$ 2,5 bilhões para empresas de ônibus. “Infelizmente, Bolsonaro colocou esse dinheiro nas mãos de empresários e esses bilhões nunca vão chegar à população que utiliza transporte público”, denunciou Sérgio Nobre. A ONG Idec já tem isso no radar e pede que as concessionárias de ônibus prestem contas sobre os recursos federais que receberam.

“Hoje, o trabalhador gasta mais com transporte do que com comida, isso tem de acabar Essa deve ser uma luta permanente e unitária da CUT e de todas centrais sindicais de negociação e pressão sobre o poder público”, afirma Sérgio Nobre ao agradecer a parceria histórica do prefeito de Diadema. “Filippi sempre teve uma relação muito próxima com o movimento sindical e desenvolveu  importantes parcerias em defesa da classe trabalhadora, quem dera todo prefeito desse Brasil tivesse esse tipo de comprometimento de trazer coisas boas para a cidade e os trabalhadores”.

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