NÃO PASSARÃO

No dia de luta contra o racismo, Benedita da Silva é alvo da extrema direita

A deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), cometeu ato de racismo contra a deputada Benedita da Silva (PT-RJ). A petista recebeu apoio de Lula, de diversas autoridades e da população nas redes sociais

Pablo Valadares /Câmara dos Deputados

Escrito por: Walber Pinto | Editado por: Rosely Rocha - CUT Brasil

Neste 3 de julho, data em que se celebra o Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) vem recebendo solidariedade de personalidades e políticos nas redes sociais após ser chamada de “Chica da Silva” pela deputada Carla Zambelli (PL-SP).

A declaração da deputada de extrema direita se deu ao reclamar de não ter sido autorizada a discursar na Reunião de Mulheres Parlamentares do P20 em Maceió (AL), evento de parlamentares dos países que compõem o G20, grupo atualmente presidido pelo Brasil. Benedita da Silva, que é coordenadora da Bancada Feminina e da Secretaria da Mulher da Câmara, discursou no encontro. 

Em entrevista ao jornal O Globo, Benedita da Silva disse que vai notificar judicialmente Zambelli pela fala durante a Reunião de Mulheres Parlamentares do P20, que ocorre em Maceió. ‘Ela terá a correção necessária’, disse a petista.

Para Júlia Nogueira, secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT, os ataques racistas contra a deputada são inaceitáveis e precisam ser punidos. “Benedita da Silva é um farol na luta antirracista no Brasil e merece respeito. A CUT, que luta para banir o preconceito e o racismo no mundo do trabalho, mantém-se sempre sensível e antenada com os anseios da classe trabalhadora e fiel ao princípio de não compactuar com qualquer forma de racismo”, diz a dirigente.

Repercussão nas redes

Considerada uma voz histórica da luta antirracista no Brasil, a deputada Benedita da Silva recebeu apoio nas redes sociais da primeira-dama Janja da Silva. “Bené é uma inspiração para todas nós. Uma mulher que é sinônimo de força política e que, há décadas, é referência por sua luta pelos direitos das mulheres, da população negra e dos mais vulneráveis do nosso país”, disse.

O presidente Lula também se manifestou em suas redes sociais. “Benedita da Silva é exemplo de fé, muito trabalho e amor pelo povo brasileiro.”

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, ressaltou que os insultos contra Benedita são inaceitáveis as falas desrespeitosas e de cunho racista. “Referência para o Brasil, para a política e para a Democracia”.

Silvio de Almeida, ministro dos Direitos Humanos, postou em suas redes sociais que Benedita da Silva é uma das maiores referências da política nacional. “Uma inspiração para homens e mulheres que lutam por um país democrático, desenvolvido e sem racismo”.

“Toda minha solidariedade à gigantesca deputada Benedita da Silva”, disse a deputada Érika Hilton (PSOL-SP).

Em nota, o PT prestou solidariedade e apoio à deputada, e afirmou que “Benedita tem uma trajetória política exemplar, principalmente na luta do povo preto. Racistas não passarão”.

Quem foi Chica da Silva?

Francisca da Silva de Oliveira, ou simplesmente Chica da Silva, é uma figura histórica. Trata-se de uma mulher escravizada do século 18 que obteve alforria e rompeu barreiras sociais ao se tornar uma figura proeminente e poderosa em Arraial do Tijuco, atual Diamantina, em Minas Gerais. Sua história inspirou livros, filmes e novela. 

Apesar de Chica da Silva ser uma personalidade destacada, a declaração de Zambelli, se referindo a Benedita da Silva com o nome da mulher escravizada que ganhou alforria, foi feita com tom de deboche e, por isso, vem sendo apontada como um ataque racista. 

Já não é a primeira vez que Zambelli se envolve em casos de racismo. Em 2022, durante as eleições, a deputada correu com uma arma atrás de um homem negro na região da Avenida Paulista. O homem negro foi condenado por difamação, mas a deputada continua ainda sem punição do Conselho de Ética da Câmara Federal e cometendo insultos racistas.