Movimento sindical

CUT-SP realiza planejamento estratégico com definição da agenda de lutas

Dirigentes, coordenadores e funcionários estão reunidos na cidade de Praia Grande (SP) entre 26 e 28 de fevereiro

Fotos: Laiza Lopes/CUT-SP

Rafael Silva e Laiza Lopes - CUT São Paulo

Até a próxima quarta-feira, 28, toda a direção da CUT São Paulo participa do Seminário de Planejamento Estratégico da entidade. O evento ocorre na Colônia de Férias do Sindicato dos Energéticos do Estado de São Paulo (Sinergia-CUT), na Praia Grande, no litoral sul.

Realizado anualmente, a atividade busca organizar as agendas de lutas no estado de São Paulo, assim como apontar as ações para os próximos meses de 2024, ano em que a CUT-SP completa 40 anos de fundação.

Na mesa de abertura do evento, lideranças sindicais e políticas fizeram com uma análise de conjuntura estadual, nacional e internacional, que irá contribuir com o desenvolvimento dos trabalhos nos próximos dias.

“Este seminário tem o objetivo de debruçar sobre os desafios que se apresentam e construir uma agenda própria de lutas da nossa Central. Nas próximas semanas já temos grandes atividades, como o mês de luta das mulheres e o Dia dos Trabalhadores e Trabalhadoras, em maio, mas a partir de junho a CUT irá intensificar o diálogo com a população sobre a importância de participar do processo eleitoral”, afirma o presidente da CUT-SP, Raimundo Suzart.

Neste ano, as eleições municipais terão atenção especial da CUT. Para a entidade, será fundamental mobilizar a sociedade para pressionar as candidaturas a garantirem nas propostas de governo a pauta da classe trabalhadora. Além de prefeitos, também é importante ter vereadores e vereadoras comprometidos com os direitos sociais e a democracia.

Telma Victor, secretária de Formação na CUT-SP

Para Telma Victor, secretária de Formação na CUT-SP e coordenadora do Planejamento, apesar do cenário de divisão política no Brasil, é essencial destacar a força da classe trabalhadora. “Queriam apagar o movimento sindical com a retirada de direitos trabalhistas e leis que nos sufocaram. Mas não contavam que éramos semente, conseguimos nos manter, organizar e participar da defesa da democracia”, disse.

Privatizações

Em seguida, Sergio Antiqueira, secretário de Relações do Trabalho da CUT Brasil, fez uma apresentação abordando a defesa dos serviços públicos no país, lembrando casos de estatais que foram entregues à iniciativa privada e que pioraram os serviços, como a Enel e algumas linhas do Metrô.

“Existe uma falsa ideia na população de que a iniciativa privada é melhor do que a pública. E isso tem que ser combatido, com números e informações, e todos nós precisamos estar apropriados disso. Vocês acham que uma empresa privada teria condições de gerir a educação em São Paulo, com a quantidade de estudantes e profissionais que possui?”, indagou o dirigente, que também é do Sindsep-SP (Sindicato dos Servidores Municipais).

Sergio Antiqueira, secretário de Relações do Trabalho da CUT Brasil

Barrar a extrema direita

Vice-presidenta da CUT Brasil, a bancária Juvandia Moreira alertou sobre a necessidade de seguir na disputa contra o avanço do conservadorismo. “Elegemos a maior liderança popular no mundo, que é o presidente Lula, mas não podemos descansar. O estado de São Paulo é o maior da América latina e o interior é muito conservador. Precisamos recuperar nossa base de atuação”, pontua.

De acordo com a dirigente, o ato convocado pelo bolsonarismo no último domingo, 25, na Avenida Paulista não pode ser uma ação intimidatória, pois foram os mesmos que tentaram um golpe em janeiro de 2023. “Precisamos cobrar um julgamento sem anistia”.

Juvandia Moreira, vice-presidenta da CUT Brasil

Já segundo o deputado federal e presidente do PT no estado de São Paulo, Kiko Celeguim, é preciso dar condições para fortalecer novas lideranças, o que requer anos de construção. “Para termos capacidade de organizar nossa militância, precisamos dar suporte aos nossos companheiros e companheiras, de forma que eles tenham mais compreensão, apelo e efetividade”.

Com base em pesquisas de opinião sobre o desempenho do governo, onde Lula mantém avaliação de ótimo e bom, semelhante ao que foi o resultado da eleição de 2022, Kiko avalia que, apesar dos grandes avanços das políticas sociais no país, o Brasil está diante de uma geração que esperava obter as mesmas conquistas de seus pais no passado, mas que a dinâmica tem sido outra, de mudanças econômicas e tecnológicas, com impactos na vida de toda população.

“E isso tem ocorrido em todo o mundo, como nos Estados Unidos, mesmo com o [presidente] Biden gerando milhares de empregos, e em países da Europa. Por isso, precisamos compreender esse fenômeno e apresentar alternativas a partir dessa nova realidade”, pontuou o ex-prefeito de Franco da Rocha (SP).

Com cerca de 60 participantes, entre diretores e trabalhadores da CUT-SP, o Seminário de Planejamento seguirá nos próximos dias com outras mesas de debate e trabalhos em grupo para a definição das ações futuras. “Para nós é extremamente desafiador e gratificante, neste momento, pensar as nossas estratégias e mobilizações, e socializar isso com os companheiros e companheiras que estarão juntos aos coordenadores e dirigentes da CUT-SP nos locais de trabalho e atos em todo o estado”, destaca Daniel Calazans, secretário-geral da CUT estadual e também coordenador do planejamento.

Deputado federal e presidente do PT no estado de São Paulo, Kiko Celeguim