Eletrobras

Torre de energia de Furnas pode ter sido derrubada por terroristas

Segundo denúncia apurada pelo jornal Valor, uma torre da linha de transmissão de Furnas que interliga a hidrelétrica de Itaipu ao sistema elétrico nacional foi derrubada. Governo montou gabinete de crise

Eletronorte

Rosely Rocha | CUT

Um trator atingiu a base de sustentação de uma torre da linha de transmissão de Furnas, que também teve os cabos de sustentação cortados, na madrugada desta segunda-feira (9).  A torre interliga a hidrelétrica de Itaipu ao sistema elétrico brasileiro está localizada a cerca de 50 quilômetros de Foz do Iguaçu. Também houve registro de tentativas de vandalismo em outras instalações, o que indica atos de terrorismo, segundo fontes do jornal Valor Econômico.  

Sindicalistas do setor ouvidos pelo do Portal CUT estão apurando as informações. A queda da torre não afetou a transmissão de energia na região.

O que se sabe é que houve a queda da torre 114 e avarias nas torres 112 ,113 e 115, sem consequências significativas para o Sistema Interligado Nacional (SIN). A normalização está prevista para a próxima sexta-feira (13).

Outras duas torres do sistema também caíram, mas sem ligações com possíveis atos terroristas. A torre 724 do Complexo do Madeira caiu na madrugada de segunda-feira. No domingo (8) houve a queda da torre 219, da Eletronorte (Samuel Ariquemes C3).

Governo montou gabinete de crise

Ainda de acordo com o Valor, o governo federal  montou um gabinete de crise por conta dos recentes ataques, o Ministério de Minas e Energia (MME), coordenado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), do qual também participam diretores de todas as empresas de geração, transmissão e distribuição para processar informações referentes à tentativa de ataque ou efetivo vandalismo, tanto sob o aspecto de integridade física como também cibernética das instalações mapeadas como infraestruturas críticas do Sistema Interligado Nacional (SIN).

A preocupação das autoridades com possível ato terrorista também pode ser baseada nas tentativas de fechar o acesso às refinarias da Petrobras, por parte de bolsonaristas, denunciado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), que ainda se mantém alerta.

Leia mais Atos terroristas convocados para as refinarias fracassam. FUP segue alerta

STIU-MA denunciou em dezembro tentativas de atos terroristas no estado

Dirigentes do Sindicato dos Urbanitários do Maranhão (STIU-MA) que reúne os eletricitários, denunciou há duas semanas, no final de dezembro do ano passado, que a linha de transmissão Ribeiro Gonçalves/Balsas circuito de 230kV (RGBS-LT06-01) foi desligada por atuação do relé do seu Sistema de Proteção.

Durante a inspeção foi verificado um dano no suporte do cabo para raio na torre 170. Já a torre 171 estava no chão devido ao “rompimento de quatro estais por ação de fogo de fogueira. Estais são dispositivos usados para segurar as torres da ação dos ventos. Prosseguindo a inspeção foi verificado que a torre 172 havia tombado em consequência de danos consideráveis na estrutura.

STIU-MASTIU-MA

Segundo o sindicato, o que já foi apurado aponta para indícios de atos de terrorismo contra os empreendimentos da Eletrobras/Eletronorte. Chama a atenção o fato de que os “estais”, tinham vestígios de incêndio, o que pode ter acarretado a sua ruptura e a consequente queda das torres.

“Um detalhe que chamou a atenção dos sindicalistas, é que esses eventos (quedas), comumente, acontecem em terras indígenas, mas, o que chegou ao conhecimento, é que a queda das duas torres ocorreu em região do agronegócio”, diz a nota do STIU-MA.

“Foram três eventos, dois nas linhas da Eletronorte e outra na Taesa e, por isso fizemos questionamentos junto às empresas, enviamos representação  ao Ministério Público Federal [MPF] e enviamos correspondência ao ministro da Justiça, Flávio Dino e cabe agora aos órgãos investigarem”, diz Wellington Diniz, dirigente do STIU-MA.

Clique aqui para ler o ofício do STIU-MA enviado ao Diretor-presidente da Eletronorte, Antonio Bechara Pardauil.

CNE critica posicionamento da diretoria da Eletronorte e da Eletrobras

O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), em nota, disse que causa espanto e estranheza o comportamento da Diretoria da Eletronorte e da Eletrobras sobre essa ocorrência, uma vez que não se teve noticia de qualquer alusão ao fato nas redes sociais da empresa.

Relatada a ocorrência, mais uma vez chamamos a atenção para uma sequência de pontos que deveriam ter sido vistas e não foram:

  1. A investigação dessa natureza deveria ter sido e deve ser conduzida pela Polícia Federal, mesmo já existindo um Boletim de Ocorrência lavrado na Polícia Civil, requer-se o imediato protocolo de uma Representação à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal;
  2. Isolamento imediato da cena do crime, pois, o local do ato de vandalismo/terrorismo onde se consumou a derrubada das torres é uma cena de crime contra o patrimônio público;
  3. Comunicação imediata da ocorrência aos trabalhadores/as, ao mercado e à população, através dos meios que a Eletrobras dispõe ao seu favor;
  4. Que sejam apuradas as responsabilidades e os culpados sejam punidos na forma da lei.
  5. Que a Eletrobras e Eletronorte reavaliem imediatamente os desligamentos dos trabalhadores/as previstos para o dia 30/12/2022, uma vez que já ficou comprovado que os quadros remanescentes desses desligamentos não serão suficientes para suprir as situações de manutenções programadas, de urgência/emergência.