CNE: “Eletrobras privatizada perde todos os leilões de transmissão da Aneel!”

Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE)

Durante o processo de privatização da Eletrobras, uma das maiores mentiras repetidas diversas vezes era o motivo de a Eletrobras estar reduzindo de tamanho sua participação em geração e transmissão de energia elétrica. A desculpa era sempre a mesma: os privatistas repetiam que a Eletrobras estatal era ineficiente, não conseguia competir em condições de igualdade com seus concorrentes privados e
por isso perdia eventuais leilões de geração e transmissão de energia.

A história nos mostra que palavra aceita qualquer desaforo e que nessas narrativas pré-fabricadas, o tempo é o senhor da razão.

Na última sexta-feira, 16 de dezembro de 2022, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), promoveu mais um leilão para licitar novas linhas de transmissão de energia elétrica.

Nesse certame, venceu cada lote o proponente que aceitou receber o menor valor em relação à Receita Anual Permitida (RAP) de referência fixada no edital. A RAP é o valor a ser recebido pelas transmissoras pela prestação dos serviços, e esse montante é pago pelos consumidores, uma vez que está embutido na conta de luz.

O leilão conseguiu investidores para todos os seis lotes negociados em São Paulo. Segundo a ANEEL, com o valor alcançado de R$ 373 milhões, o deságio médio foi de 38,19% em relação à RAP inicial estabelecida pela Agência, no valor de R$ 604 milhões, o que deve se refletir em uma economia de aproximadamente R$ 5,795 bilhões para os consumidores de energia pelos próximos 30 anos. A expectativa é de criação de 5.800 empregos durante a construção dos empreendimentos. Os vencedores dos lotes foram Cemig, Électricité de France (EDF), TAESA, EDP Brasil, Alupar/Mercury.

A Eletrobras privatizada, poderia (na tese dos privatistas) ser mais competitiva, mais agressiva no último leilão de linhas de transmissão da ANEEL de 2022. No entanto,
nenhuma empresa do grupo se sagrou vencedora, apesar de Eletrobras, Furnas, Eletrosul, Eletronorte terem disputado alguns lotes. E ironicamente a Cemig e a Électricité de France (EDF) duas estatais, foram mais competitivas que a Eletrobras privatizada.

O leilão de linhas de Transmissão da ANEEL nos escancara uma lição dura. A Eletrobras hoje ainda tem a maior participação em linhas de transmissão no Brasil (45%), construídas em anos de empresa estatal. Esse portfólio a torna mais competitiva nos leilões em diversas regiões no Brasil pelo eventual ganho de sinergia, por já possuir empreendimentos e expertize nesses estados da federação.

Pelo fato mencionado e por ter R$ 16 bilhões em caixa e endividamento extremamente reduzido, a Eletrobras estatal estava pronta para investir e ser competitiva nos leilões. Mas antes de ser privatizada, não havia vontade política para investir. O processo era de total desinvestimento, desmantelamento.

Agora, após a privatização, a questão passa por incompetência da diretoria executiva que, além de não conseguir ser competitiva em nenhum cenário, busca aumentar seus proventos em até 3.500%, e também por uma política sanguessuga que não mira expansão e o crescimento da empresa. A política é apenas a de aproveitar a renda extra advinda da descotização de hidrelétricas já amortizadas e que serão pagas novamente pelo consumidor.

 A Eletrobras de hoje vive para pagar altos dividendos aos acionistas e supersalários aos diretores e conselheiros. Esse é o projeto.

A hora é de lembrar bem da cara de cada um dos diretores falaciosos que diziam que a Eletrobras não era competitiva e não investia porque era estatal. Estes são os patronos da própria mamata. São eles que hoje perdem leilões, registram balaço com prejuízo e turbinam seus próprios salários numa “meritocracia às avessas”. Esses abutres vão pagar por isso!

 

 Fonte: Boletim Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) – 19/12/2022