Lula quer mudar faixa de isenção do Imposto de Renda de R$ 1.900 para R$ 5 mil

Time de Lula que está trabalhando na transição de governo está à frente das negociações que pode melhorar o poder de compra de milhões de brasileiros que pagarão menos impostos

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Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

O ex-presidente Lula (PT), que lidera a corrida pela Presidência da República, segundo todas as pesquisas de intenções de voto, disse nesta quarta-feira (17) que estuda subir a faixa de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para R$ 5.000. Hoje, está livre do tributo quem recebe até R$ 1.903,98, mas se a tabela não for corrigida, em 2023, até quem ganha um salário mínimo e meio vai pagar imposto de renda.

“Eu fico pensando por volta de R$ 5.000. Até lá as pessoas não precisariam pagar Imposto de Renda”, afirmou Lula.

Se a tabela for corrigida, os descontos nos contracheques dos trabalhadores serão menores e, dependendo da faixa salarial, muitos ficarão isentos. Hoje, um trabalhador que ganha R$ 4.702,83, sem dependentes, paga mensalmente R$ 310,73 de Imposto de Renda porque está enquadrado na alíquota mais alta da tabela que é de 27,5%.

Apesar das promessas, feitas inclusive durante a campanha eleitoral de 2018, quando disse que a faixa de isenção passaria para R$ 3 mil, o presidente Jair Bolsonaro (PL) manteve a tabela congelada. Bolsonaro é o primeiro eleito democraticamente, desde 1989, a não reajustar a tabela de cobrança do Imposto de Renda (IR). 

Lula prometeu discutir o tema que já faz parte das negociações das campanhas salariais porque a cada reajuste salarial conquistado, aumenta o número de trabalhadores que perdem a isenção ou passam a pagar mais imposto porque ‘progridem’ de faixa. Isso preocupa dirigentes de sindicatos que lutam para repor o poder de compra dos trabalhadores que vem sendo comido pela inflação de dois dígitos desde setembro do ano passado.

“Vamos ter que discutir, porque na hora que você fizer isso vai ter que deixar de arrecadar uma quantidade enorme de dinheiro que você vai ter que dizer de qual outra fonte vai tirar retirar fonte vai tirar recurso”, disse o ex-presidente Lula.

“Quando eu começar a tomar posse é que vou discutir esse qual o montante de pessoas que a gente vai isentar no Imposto de Renda”, afirmou Lula.

“Agora, o reajuste [da tabela], independentemente de qualquer coisa, a gente vai fazer todo ano. Ora, se tudo se reajusta nesse país, por que a tabela do Imposto de Renda não pode ser reajustada para aqueles que vive de salário?”, concluiu Lula.

Tabela está 26,5% defasada

De acordo cálculo feito pelo Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional), em julho, a tabela do IRPF acumula defasagem de 26,5% no governo Bolsonaro – maior percentual já registrado na história.

Ou seja, faltando seis meses para o final do mandato na época do cálculo, a defasagem ainda tendia a aumentar, já que a inflação segue na casa dos dos dígitos. 

Confira a defasagem da tabela do IR ante ao IPCA de 1996 a 2022:

  • 1996 a 1998 (FHC 1): 17,19%
  • 1999 a 2002 (FHC 2): 18,99%
  • 2003 a 2006 (Lula 1): 7,92%
  • 2007 a 2010 (Lula 2): 2,48%
  • 2011 a 2014 (Dilma 1): 6,53%
  • 2015 (Dilma até início do processo de impeachment): 4,80%
  • 2016 a 2018 (Temer): 9,42%
  • 2019 a primeiro semestre de 2022 (Bolsonaro): 26,57%

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