Fome com Bolsonaro

Fome levou quase 3 mil bebês de até 1 ano a serem internados só em 2021; um recorde

A fome fez o número de bebês, de até um ano de idade hospitalizados por desnutrição, crescer quase 11% no ano passado. O índice é o maior desde 2008, primeiro ano da análise dos dados feitos pela Fiocruz

Fabio Rodrigues Pozzebon / Arquivo Agência Brasil

Imagem ilustrativa de bebê em UTI

Redação CUT | Editado por: Rosely Rocha | CUT

A fome que atinge 33,1 milhões de brasileiros e brasileiras mostra uma face ainda mais cruel: a internação em hospitais de bebês de até um ano de idade, vítimas da desnutrição pela falta de alimentação adequada.

Apenas no ano passado 2.939 bebês de até 1 ano precisaram de internação, uma média diária de oito crianças hospitalizadas por falta de comida. Isso representa uma taxa de 113 internações por 100 mil nascimentos, quase 11% a mais do registrado em 2008, primeiro ano do período analisado pelo Observa Infância, que reúne pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Unifase, a partir dos dados do Ministério da Saúde.

Este ano a fome não regrediu. De janeiro a agosto de 2022, o número de internações de bebês nessa faixa etária aumentou em 7%. Por dia, são quase nove crianças levadas ao hospital porque têm fome. A região em que se registra o mais alto índice de internações é a do Nordeste, com uma taxa 51% maior do que o restante do país.  Mas o coordenador da pesquisa, Cristiano Boccolini, disse ao G1, que o problema é grave em todo o país.

“A gente vê uma concentração também desses casos de hospitalização por desnutrição nas capitais, indicando que aqui mesmo no Rio de Janeiro, em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, grandes centros urbanos a gente tem bolsões de pobreza, bolsões de crianças que estão invisíveis ao sistema público, que sofrem desnutrição e estão sendo internadas por causa disso”, afirmou.

O aumento da fome no Brasil

O Brasil que havia saído do mapa da fome, em 2014, na gestão de Dilma Rousseff (PT) está agora sob o governo de Jair Bolsonaro (PL), com um índice alarmante de mais da metade da população do país, 125 milhões, sem comer as três refeições mínimas necessárias para uma boa saúde.

A crise econômica, as altas taxas de desemprego e de informalidade e a disparada da inflação estão entre os fatores que contribuíram para aumentar em 74% o número de pessoas que passam fome no Brasil. Só entre dezembro de 2020 e abril de 2022, aumentou de 19 milhões para 33,1 milhões o total de pessoas com fome no país comandado por Bolsonaro.

Em apenas um ano, 14 milhões de brasileiros passaram a conviver com a fome em suas casas. Em 2018, 5,8% dos brasileiros passavam fome. Em 2020, essa parcela subiu para 9% e, em 2022, chegou a 15,5%.

A insegurança alimentar, ou seja, quando as pessoas não têm acesso regular e permanente a alimentos em quantidade e qualidade suficiente para sobreviver, atinge 58,7% da população, 6 a cada 10. 

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