Candidatos progressistas disputam em 5 capitais e várias cidades no 2º turno

Para Sérgio Nobre, presidente da CUT, a consciência dos trabalhadores sobre quais propostas devem prevalecer no futuro levou mais candidatos progressistas ao segundo turno das eleições

Andre Accarini, da CUT Brasil

Para Sérgio Nobre, presidente da CUT, a consciência dos trabalhadores sobre quais propostas devem prevalecer no futuro levou mais candidatos progressistas ao segundo turno das eleições

Imagem: Agência Brasil

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No próximo domingo (29), cerca 38 milhões de eleitores de 57 cidades brasileiras voltam às urnas para decidir quem será o próximo prefeito. A disputa em 18 desses municípios ocorrerá em capitais. Em cinco delas, candidatos progressistas, compromissados com os direitos sociais e trabalhistas têm grande chance de vencer as eleições. Em outras dez grandes cidades com mais de 200 mil eleitores, onde há segundo turno, candidatos do PT podem ganhar.

Nas capitais, estão disputando o segundo turno os candidatos progressistas Guilherme Boulos (Psol) em São Paulo, Manuela D´Avila (PCdoB) em Porto Alegre, Marília Arraes (PT) em Recife, Edmilson Rodrigues (Psol) em Belém, e João Coser (PT) em Vitória.

Candidatos do PT disputam com chance de ganhar em Anapólis (Antonio Gomide), Cariacica (Célia Tavares), Caixas do Sul (Pepe Vargas), Contagem (Marília), Diadema (Felipe), Feira de Santana (Zé Neto), Guarulhos (Eloi Pietá), Juiz de Fora (Margarida Salomão), Mauá (Marcelo Oliveira) e Pelotas (Ivan Duarte).

A CUT reforça o alerta à classe trabalhadora sobre a necessidade da escolha de candidatos comprometidos com as pautas sociais e trabalhistas, debatidos e condensados na  Plataforma da CUT para as eleições e o presidente da Central, Sérgio Nobre, lembra a pauta que a sociedade brasileira deve enfrentar depois das eleições, uma agenda dura, de retirada de direitos, tentativa de privatizações e destruição do serviço público. Por isso, diz, “ter prefeitos que vão pressionar para essas tragédias não aconteçam é de fundamental importância”.

“Os candidatos a prefeitos no 2° turno são de grandes cidades, que têm influência para além que acontece no município. Eles têm maior poder de articulação na Câmara, no Senado e até na presidência da República, por isso, temos que votar pensando no futuro”, disse o presidente da CUT, Sérgio Nobre.

Pauta dos trabalhadores

Entre os retrocessos previstos para o próximo período estão a volta da tentativa da criação da carteira verde-amarela, que permitirá contratação de trabalhadores sem garantias e com redução de direitos, a reforma Administrativa que será mais um ataque a serviços públicos fundamentais e as privatizações de estatais estratégicas para o Brasil, comoa  Petrobras, Correios, Caixa Federal e Banco do Brasil, além do sistema Eletrobras onde as privatizações já começaram e o resultado mais uma vez foi a tragédia para a população, pontuou Sérgio Nobre.

“Temos exemplo do que acontece quando se privatiza. Brumadinho e Mariana foram tragédias que deixaram um rastro de destruição para o povo”, disse se referindo ao rompimento das barragens da mineradora Vale nas duas cidades mineiras, e completou: “O Amapá vive uma situação e caos por causa do apagão, que é consequência da privatização de subsidiárias da Eletrobras”.

Sérgio Nobre reforça: “a política na grandes cidades tem impacto na política nacional, por isso é importante a escolha certa nessas eleições”.

Disputa: esquerda enfrenta direita em capitais

O cenário desenhado para este segundo turno das Eleições Municipais 2020, assim como o resultado do 1° turno, demonstrou que partidos de esquerda, que historicamente são contrários à agenda neoliberal e de estado mínimo estão no jogo e, em especial, disputando redutos onde a direita tem vencido nas últimas eleições. Exemplos são a capital paulista e a capital gaúcha, Porto Alegre.

Para Sérgio Nobre, os resultados do 1° turno comprovam que o grande derrotado nas eleições deste ano é o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL). A afirmação vai de encontro ao que mostra a pesquisa do jornal O Globo, sobre a queda na aprovação de Bolsonaro. Os números mostram que a avaliação negativa do presidente aumentou em 23 capitais do país.

“É muito importante a chegada de Guilherme Boulos em São Paulo, da Manuela D´Ávila em Porto Alegre, a Marilia Arraes em Recife, e nas outras cidades onde a esquerda disputa a prefeitura. Esses resultados mostram que há um processo de retomada do campo progressista”, avalia o dirigente.

“A pessoas estão percebendo que fizeram uma escolha errada em 2018. Viram que país não saiu da crise, aumentou o desemprego, hoje o IBGE divulgou nova pesquisa e chegamos a 14,1 milhões de trabalhadores desempregados no país, ou seja, a mudança foi para pior. Por isso o povo está retomando a consciência de que só quem é comprometido com a classe trabalhadora, com a defesa dos direitos, que luta por moradia, por mais empregos, por serviço público de qualidade é que pode realmente mudar esse país”, diz Sérgio Nobre.

Ainda de acordo com o presidente da CUT, o resultado das eleições municipais já deixa desenhado o cenário para 2022, quando a escolha de um candidato que esteja alinhado aos trabalhadores será um divisor de águas para o país, movimento já observado em países com a Bolívia, a Argentina que elegeram presidentes progressistas e até mesmo os Estados Unidos que disse não à retórica fascista de Donald Trump.

Confira como está a disputa nas capitais

São Paulo – a polarização ideológica à direita na maior metrópole do Brasil deu meia-volta e levou o candidato do Psol, Guilherme Boulos, ao segundo turno junto com Bruno Covas (PSDB). A pesquisa Datafolha, encomenda pela TV Globo e divulgada nesta quinta-feira (26), mostra um empate técnico entre os candidatos, levando em consideração a margem de erro que é de três pontos percentuais. Veja os números:

  • Bruno Covas – 47%
  • Guilherme Boulos – 40%
  • Em branco, nulo, não sabem ou não responderam – 13%

Considerando os votos válidos, ainda com a mesma margem de erro de três pontos percentuais, Covas tem 54% e Boulos, 46%.

Recife – na capital pernambucana, direita e esquerda fazem uma disputa também acirrada. A petista Marília Arraes disputa com João Campos do PSB, que em sua campanha adotou o discurso conservados de Jair Bolsonaro como tom de sua política. A pesquisa Datafolha para o 2° turno também mostra empate técnico. Veja os números:

  • Marília Arraes – 52%
  • João Campos – 48%
  • Em branco, nulo, não sabem ou não responderam: 17%

Porto Alegre – assim como na campanha de 2018, Manuela D´Ávila (PCdoB), então candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad (PT), foi alvo de inúmeros ataques, com notícias falsas na disputa para a prefeitura da capital gaúcha. A candidata chegou a afirmar que processará seu adversário Sebastião Melo do MDB, por injúria difamação e calúnia. A pesquisa Ibope na cidade foi divulgada na última terça-feira (24). Veja os números dos votos válidos:

  • Sebastião Melo – 49%
  • Manuela D´Ávila – 42%

Considerada a margem de erro de 4 pontos percentuais, também há em Porto Alegre um empate.

Belém – na capital do Pará, a pesquisa Ibope/TV Liberal ouviu eleitores no fim da semana passada. O resultado, divulgado no sábado (21), mostra, assim como em outras capitais, um empate técnico, com o candidato de esquerda à frente nas intenções de voto. Veja os números:

  • Edmilson Rodrigues (Psol) – 45%
  • Delegado federal Eguchi (Patriotas) – 43%

Vitória – a capital do Espírito Santo é mais uma cidade onde o PT disputa o 2° turno. Pesquisa Ibope/ TV Gazeta, divulgada na segunda-feira (23) mostra o acirramento da disputa.

  • Delegado Pazolini (Republicanos): 48%
  • João Coser (PT): 43%
  • Não sabe/não respondeu/branco/nulo: 10%

Confira a disputa em grandes capitais:

  • Aracaju (SE): Edvaldo Nogueira (PDT – atual prefeito) e Danielle Garcia (Cidadania).
  • Boa Vista (RR): Arthur Henrique (MDB) e Ottaci (Solidariedade).
  • Cuiabá (MT): Emanuel Pinheiro (MDB – atual prefeito) e Abílio Júnior (Podemos).
  • Fortaleza (CE): Sarto Nogueira (PDT) e Capitão Wagner (Pros)
  • Goiânia (GO): Maguito Vilela (MDB) e Vanderlan Cardoso (PSD)
  • João Pessoa (PB): Cícero Lucena (Progressistas) e Nilvan Ferreira (MDB).
  • Maceió (AL): Alfredo Gaspar (MDB) e JHC (PSB).
  • Manaus (AM): Amazonino Mendes (Podemos) e David Almeida (Avante).
  • Porto Velho (RO): Hildon Chaves (PSDB – atual prefeito) e Cristiane Lopes (PP).
  • Rio Branco (AC): Socorro Neri (PSB – atual prefeita) e Tião Bocalom (PP).
  • Rio de Janeiro (RJ): Marcelo Crivella (Republicanos – atual prefeito) e Eduardo Paes (DEM).
  • Teresina (PI): Dr. Pessoa (MDB) e Kleber Montezuma (PSDB)
  • São Luís (MA): Eduardo Braide (Podemos) Duarte (republicanos)

Em virtude do apagão no Amapá, a votação em Macapá ainda não foi realizada. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o 1° turno está previsto para o dia 6 de dezembro entre dez candidatos.

Cidades do interior com 2° turno

  • Anápolis (GO): Roberto Naves (PP) e Antonio Gomide (PT).
  • Bauru (SP): Suéllen Rosim (Patriota) e Dr Raul (DEM)
  • Blumenau (SC): Mário Hildebrandt (PODE) e João Paulo Kleinübing (DEM).
  • Campinas (SP): Dário Saadi (Republicanos) e Rafa Zimbaldi (PL).
  • Campos dos Goytacazes (RJ): Wladimir Garotinho (PSD – sub judice) e Caio Vianna (PDT)
  • Canoas (RS): Jairo Jorge (PSD) e Luiz Carlos Busato (PTB).
  • Cariacica (ES): Euclério Sampaio (DEM) e Célia Tavares (PT).
  • Caucaia (CE): Naumi Amorim (PSD) e Vitor Valim (Pros).
  • Caxias do Sul (RS): Pepe Vargas (PT) e Adiló (PSDB).
  • Contagem (MG): Marília (PT) e Felipe Saliba (DEM).
  • Diadema (SP): Filippi (PT) e Taka Yamauchi (PSD).
  • Feira de Santana (BA): Zé Neto (PT) e Colbert Martins (MDB).
  • Franca (SP): Flávia Lancha (PSD) e Alexandre Ferreira (MDB).
  • Governador Valadares (MG): André Merlo (PSDB) e Dr. Luciano (PSC).
  • Guarulhos (SP): Guti (PSD) e Elói Pietá (PT).
  • Joinville (SC): Darci de Matos (PSD) e Adriano Silva (NOVO).
  • Juiz de Fora (MG): Margarida Salomão (PT) e Wilson Rezato (PSB).
  • Limeira (SP): Mario Botion (PSD) e Murilo Félix (Podemos).
  • Mauá (SP): Átila Jacomussi (PSB) e Marcelo Oliveira (PT).
  • Mogi das Cruzes (SP): Marcus Melo (PSDB) e Caio Cunha (PODE).
  • Paulista (PE): Yves Ribeiro (MDB) e Francisco Padilha (PSB).
  • Pelotas (RS): Paula Mascarenhas (PSDB) e Ivan Duarte (PT).
  • Petrópolis (RJ): Rubens Bomtempo (PSB) e Bernardo Rossi (PL).
  • Piracicaba (SP): Barjas Negri (PSDB) e Luciano Almeida (DEM).
  • Ponta Grossa (PR): Mabel Canto (PSC) e Professora Elizabeth (PSD).
  • Praia Grande (SP): Raquel Chini (PSDB) e Danilo Morgado (PSL).
  • Ribeirão Preto (SP): Duarte Nogueira (PSDB) e Suely Vilela (PSB).
  • Santa Maria (RS): Sergio Cecchim (PP) e Pozzobom (PSDB).

Desempenho:

Em Guarulhos, segunda cidade mais populosa da região metropolitana de São Paulo (a maior é a própria capital paulista), pesquisa Ibope indica outro empate técnico, considerando os votos válidos. O candidato Guti (PSD), com 56% dos votos, está pouco à frente de Eloi Pietá (PT), que aprece com 44%.

Em Mauá, outra importante cidade da grande São Paulo, Marcelo Oliveira, do PT, virou o jogo e aparece com 53% dos votos válidos. Átila Jacomussi (PSB) tem 47%. Os dados da pesquisa ABC Dados foram divulgados nesta sexta-feira (27).

Fora da faixa de empate técnico, em Feira de Santana (BA), o candidato de esquerda Zé Neto do PT tem 62% dos votos válidos contra 38% de Colbert Martins (MDB).

*Edição: Marize Muniz